A menina tinha uns sete anos.
Depois de finalmente despejar descaradamente o meu riso contido, fiquei com uma sensação ruim. É meio realista demais pensar que a menina, no auge dos seus mais ou menos sete anos de existência, já tem essa idéia da imagem que todo mundo quer ter. Essa imagem que todo mundo quer ter porque um belo dia alguém decidiu estereotipar a beleza e nos enfiar goela abaixo. No tempo das nossas mães, eram só bonecas, bonecas com rosto e roupa de boneca - aquelas pra pegar no colo e dar comidinha, isso quando podia tirar da caixa, porque "suja!". Hoje o que figura as vitrines e os desejos pueris femininos (isso quando elas descobrem que não dá pra vestir e pentear um aparelho de mp3, claro) são as barbies, embaladas e plastificadas em seus trajes diário-noturno-esportista-empresário-cinegrafista-veterinário-eaputaqueopariu, incluindo a puta, aliás. Fiquei imaginando a menina, que deve ter umas duzentas e cinquenta barbies, crescendo e se tornando uma dessas escravas do culto à imagem externa. Terrível: notei que também se pode ficar subnutrido de inocência.
E o mundo vai ficando feio.
Fecha parênteses, por favor.
11 de janeiro de 2007
Abre parênteses
Dia
Logos:
Hoje, numa loja qualquer:
- Procura uma P aí.
- Hum, acho que não tem.
- Tem que ter...
- Não tem, tô te dizendo, só G.
- Claro que tem, né, ninguém quer ser G!
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