Em como as pequenas pedras que emolduravam o mar eram metodicamente pesadas para contrastarem com a leveza da água quando nela fazem aquele barulhinho bom de escutar. As pessoas que dividiam aquele espaço com ela, ocupadas em viver aquele sol e aquele verão fora de época, não compartilhavam dos mesmos pensamentos, e o que acontecia era que toda aquela angústia cabia perfeitamente em todo aquele espaço, ainda que a pequenice de sua cabeça não lhe permitisse guardar muito mais que alguns tormentos. Deitada na areia quente, não conseguia dormir. As pessoas continuavam a rir e conversar, a escandalizar e a rir, a fumar e a rir, a se movimentar rindo, e a rir tanto, que pareciam chorar.Ela ignorava, queria dar vazão àquelas dúvidas, continuava a pensar na leveza. Não conseguia dormir. Os olhos fechados e a mente aberta. A boca se permitindo inundar daquele ar e de todo aquele mormaço; a preguiça que aquela calmaria proporcionava. Ela pensava em como o verão podia ser leve; as roupas, o tempo que se estende, as obrigações que ficam para depois da cerveja, que ficam para depois do almoço, que ficam para depois daquela noite mal dormida e pra depois daquele dia em que todo mundo sente sono. Enquanto grudava seu corpo na quentura da areia, pensava em tudo que existe como um ciclo; pensou tanto que, no final, o peso das pedras em frente ao mar deixou de importar, já fazia algum sentido. Mas, principalmente, ela própria se sentia diferente, um tanto mais aliviada e menos insignificante que no início daquele temporal sazonal de sensações. Apenas diferente: mais leve, afinal. A vida é feita para se morrer dela.
30 de setembro de 2008
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