Ela mal sabia as horas quando ele entrou por seu coração bicameral e se instalou sem nem bater na porta. Entrou, se esticou, deitou, rolou, cantou, dançou, e depois, em vez de se jogar na Lagoa Rodrigo de Freitas, se instalou. Já tem cama, comida, roupa lavada. Lugar certo na poltrona, cadeira reservada na mesa e escova de dentes. E aquele jeito de dormir? O jeito plácido de olhar, o jeito de não olhar. Ah, o jeito de não olhar... O sorriso tímido de quem ri em lugar que não pode, o jeito terno de dobrar a esquina e olhar pra trás, a tranqüilidade. Os delírios em sonho, os sonhos em realidade, a realidade delirante. Os filmes recheando tardes vazias, as mãos esquentando o frio, o macarrão esparramado no prato. E aquele casaco vermelho? O cabelo mal ajeitado do lado, o dente sujo de biscoito, o pescoço cheirando a perfume de terceira idade. E os risos contínuos? O dormir e acordar, o acordar pra depois dormir outra vez, o sorriso despercebido, no cantinho da boca, lindamente espontâneo.
E a saudade? o aperto bem no meio do coração, a sensação de ter esquecido como é sorrir mutuamente, a vontade de ver passando pela janela quando só se ia fechar a cortina, e sair correndo fazendo palhacice, a vontade de encontrar por aí, casualmente. Mas não, há a falta. E a ausência? o buraco, o tracejado reticente de mim mesma, a lacuna que só me há quando você não está. Mas depois torna tudo a se repetir. E nós?
Os apertos e rodopios, as cantorias e as artimanhas, os sabores e os amores, os doces e os levemente amargos, os abraços e os afagos, o apego, o sossego. E aí volta a ausência, soberana, em passinhos sorrateiros, fazendo-se por despercebida, levando um tanto de nós, e trazendo um pouco mais de nós, muitos nós, que custam a desatar. Ela nem sabia o que era que chegou invadindo, e seguiu colorindo. Não importa: pra muita coisa importante falta nome.
E a saudade? o aperto bem no meio do coração, a sensação de ter esquecido como é sorrir mutuamente, a vontade de ver passando pela janela quando só se ia fechar a cortina, e sair correndo fazendo palhacice, a vontade de encontrar por aí, casualmente. Mas não, há a falta. E a ausência? o buraco, o tracejado reticente de mim mesma, a lacuna que só me há quando você não está. Mas depois torna tudo a se repetir. E nós?
Os apertos e rodopios, as cantorias e as artimanhas, os sabores e os amores, os doces e os levemente amargos, os abraços e os afagos, o apego, o sossego. E aí volta a ausência, soberana, em passinhos sorrateiros, fazendo-se por despercebida, levando um tanto de nós, e trazendo um pouco mais de nós, muitos nós, que custam a desatar. Ela nem sabia o que era que chegou invadindo, e seguiu colorindo. Não importa: pra muita coisa importante falta nome.
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